Em 1999, o Mercosul e a União Europeia deram seus primeiros passos em direção a um acordo de livre comércio, refletindo o crescente desejo de integrar economias e fortalecer laços entre os blocos. Desde então, o mundo se tornou mais globalizado e, após diversas mudanças políticas e econômicas, o acordo finalmente foi anunciado em 2019, mas ainda enfrenta desafios significativos para sua implementação. Com uma população combinada de mais de 710 milhões de pessoas e um PIB total superior a 22 trilhões de dólares, o potencial econômico da parceria é enorme, mas as diferenças internas nos blocos podem dificultar a ratificação do acordo.
Embora o Mercosul tenha um consenso mais fácil entre seus membros fundadores, a União Europeia enfrenta divisões internas complexas. Países como a França, com um setor agrícola fortemente subsidiado, levantam preocupações sobre a competição com produtos mais baratos vindos da América do Sul. Outros países, como Polônia, Holanda e Bélgica, também se mostram relutantes quanto aos impactos do acordo em suas economias. A legislação europeia exige que uma parte significativa da população da UE, equivalente a 35%, se oponha ao acordo para impedir sua ratificação, o que coloca a França em uma posição estratégica para influenciar outros países.
Atualmente, o processo de ratificação está suspenso enquanto os países membros realizam consultas internas e privadas. A resistência ao acordo reflete o protecionismo histórico de várias nações, mas também destaca as tensões entre a necessidade de adaptação a um mundo mais globalizado e a proteção de interesses internos. O futuro do acordo dependerá não apenas das negociações políticas, mas também da disposição dos líderes europeus em reconciliar os benefícios econômicos com as preocupações de seus setores mais sensíveis.