Após 25 anos de negociações, o Mercosul e a União Europeia finalmente fecharam um acordo de livre comércio, anunciado durante a Cúpula do Mercosul em Montevidéu. O tratado busca aumentar o intercâmbio comercial entre os blocos, facilitando o acesso de produtos agrícolas sul-americanos ao mercado europeu e produtos industriais europeus à América do Sul. Contudo, a ratificação do acordo enfrenta resistência de alguns países da União Europeia, como França, Polônia e Itália, que temem o impacto nas suas produções agrícolas devido a diferenças regulatórias, como nos padrões ambientais e de qualidade.
No Brasil, o governo de Lula renegociou termos do acordo original, firmado em 2019, para garantir a preservação de interesses estratégicos do país. Entre as mudanças, destaca-se a exclusão das compras do Sistema Único de Saúde (SUS) das regras do tratado, bem como ajustes no cronograma de eliminação de tarifas no setor automotivo, com prazos ampliados para tecnologias emergentes, como veículos elétricos. Também foram adicionadas salvaguardas para proteger a indústria nacional em caso de aumento substancial das importações europeias, especialmente em setores sensíveis.
Apesar do otimismo, a implementação do acordo enfrenta desafios significativos, como a guerra na Ucrânia e a recente Lei Antidesmatamento da União Europeia, que podem afetar as negociações. Críticos internos apontam que as mudanças podem afastar o Brasil de normas internacionais, dificultando sua adesão à OCDE. Por outro lado, defensores do tratado consideram-no uma oportunidade estratégica para reposicionar o Mercosul no cenário global e impulsionar os setores industriais e tecnológicos da região. A ratificação dependerá da superação das resistências políticas e da busca por um equilíbrio entre os interesses dos dois blocos.