Há 25 anos, os blocos Mercosul e União Europeia buscam concluir um acordo de livre comércio, cujas negociações avançaram significativamente nos últimos dias, com a presença de líderes europeus em Montevidéu. O tratado teve início em 1999, durante uma cúpula no Rio de Janeiro, com o objetivo de fortalecer os laços comerciais entre os dois blocos. No entanto, as conversas foram marcadas por interrupções, como o fracasso da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e a oposição de alguns líderes sul-americanos, como os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, nos anos 2000.
O impasse das negociações foi agravado por pressões protecionistas, especialmente de países europeus com fortes setores agrícolas, como França, Polônia e Irlanda, que temem a concorrência do agronegócio brasileiro. Apesar disso, a UE segue com interesse em dividir o acordo em duas partes: uma de cooperação política e outra comercial, que, se aprovada pela Comissão Europeia, não requer unanimidade dos países membros. No entanto, a ratificação final depende da aprovação do Parlamento Europeu, o que representa um desafio significativo para a conclusão do tratado.
O acordo surge em um cenário global de crescente desglobalização, com o fortalecimento de discursos protecionistas, especialmente após a ascensão de políticas isolacionistas nos Estados Unidos. Para a UE, o tratado com o Mercosul se torna uma estratégia para equilibrar sua presença comercial, diante da concorrência da China e das mudanças no mercado internacional. O governo brasileiro é otimista quanto à assinatura do acordo, considerando-o uma oportunidade crucial para os dois blocos em um momento de transição econômica mundial.