O dólar norte-americano alcançou níveis inéditos no Brasil desde a implementação do Plano Real, em 1994, encerrando a sessão desta terça-feira (18) cotado a R$ 6,26. O economista Mohamed A. El-Erian avaliou o movimento como um “overshooting”, fenômeno em que uma desvalorização desproporcional, impulsionada por fatores técnicos e emocionais, se descola dos fundamentos econômicos do país. O pessimismo foi intensificado pela descrença no pacote fiscal apresentado pelo governo federal, gerando revisões nas projeções de inflação e juros.
A instabilidade nos mercados locais foi agravada pelo avanço das medidas fiscais no Congresso, cercadas de temores quanto à sua desidratação e redução da capacidade de conter os gastos públicos. As incertezas também ganharam força após o Federal Reserve anunciar um corte de 0,25 ponto nos juros dos EUA, indicando um ritmo mais lento de reduções futuras. A cautela do Fed quanto aos riscos inflacionários de 2025 trouxe maior pressão sobre as moedas emergentes, contribuindo para a valorização do dólar frente ao real.
O Banco Central adotou leilões de compra e venda de dólares para tentar conter a volatilidade, mas os efeitos têm sido limitados. A combinação de incertezas fiscais e fatores técnicos no mercado criou um ciclo de vendas especulativas, dificultando a estabilização. Especialistas apontam que a situação exige medidas coordenadas entre o governo e o Banco Central para restaurar a confiança e evitar impactos mais severos na economia.