O mercado financeiro registrou um movimento de alta nos juros futuros, com destaque para os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) de longo prazo, que avançaram até 40 pontos-base. A pressão sobre a curva de juros foi intensificada pela escalada do dólar, que alcançou uma cotação histórica, o que gerou um aumento no custo do hedge e afetou o apetite pelo risco. A taxa do DI para janeiro de 2026 subiu para 14,35%, e os vencimentos mais longos, como os de 2027 e 2029, também registraram elevações significativas. Esse movimento foi observado enquanto o mercado se mantinha apreensivo em relação ao risco fiscal, sem grandes novidades no noticiário, mas com a constante percepção de que o pacote fiscal proposto pelo governo poderia sofrer desidratação no Congresso.
O cenário fiscal continua a ser um ponto central de preocupação, com relatos de resistências no Congresso em relação às mudanças propostas no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é uma das medidas do projeto de lei em discussão. Apesar da aprovação do pedido de urgência na Câmara, o mercado tem se mostrado cético quanto à eficácia do pacote, considerando-o frágil. A alta do dólar também aumenta a pressão sobre a economia, com expectativas de um impacto sobre os preços, especialmente em relação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A elevação da moeda americana renovou a máxima histórica, fechando a R$ 6,0708, o que desestimulou ainda mais a confiança dos investidores.
As apostas no mercado futuro indicam uma expectativa de aumento da Selic na reunião de dezembro, com a possibilidade de um ajuste de 1 ponto percentual, com a taxa terminal projetada em 15,75%. O debate sobre a necessidade de um “choque de juros” tem ganhado força, com alguns economistas defendendo até mesmo um ajuste mais agressivo de 1,5 ponto. A situação fiscal e a postura expansionista do governo, combinadas com o movimento do dólar e a elevação das taxas de juros, têm aumentado a volatilidade nos mercados, com os investidores aguardando os próximos passos do Banco Central para conter a inflação e as expectativas econômicas.