Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional, afirmou que o mercado financeiro não está “jogando contra” o governo federal, como alguns têm sugerido. Para ele, um cenário de juros baixos e economia em crescimento seria benéfico para todos os setores. No entanto, o recente aumento do dólar, que ultrapassou os R$ 6, reflete um movimento de proteção dos investidores diante das incertezas fiscais do país, e não uma ação especulativa, como alegam algumas autoridades do governo. O mercado, segundo Mansueto, busca se proteger frente à falta de clareza sobre o futuro da política fiscal e do controle dos gastos públicos.
O ex-secretário do Tesouro destaca que a instabilidade financeira decorre das dúvidas em relação ao ritmo de crescimento das despesas obrigatórias e ao cumprimento das promessas fiscais do governo. Apesar das tentativas da equipe econômica de estabilizar a situação, com pacotes fiscais como o anunciado por Fernando Haddad em novembro, o mercado permanece cético quanto à eficácia dessas medidas. A promessa de redução de gastos e o anúncio de isenções fiscais, como a do Imposto de Renda para rendimentos até R$ 5 mil, foram criticados por especialistas que apontaram que essas ações não são suficientes para garantir a sustentabilidade fiscal a longo prazo.
Mansueto reforça que a incerteza sobre o futuro fiscal do Brasil é o principal fator de instabilidade no mercado. A falta de garantias sobre a evolução da arrecadação e a trajetória das despesas obrigatórias deixam investidores apreensivos. A dificuldade em conter o crescimento da dívida pública, aliada a um orçamento de 2025 ainda sem receitas asseguradas, impede que o mercado se sinta confiante. Para o economista, o governo precisa enfrentar esses desafios com maior clareza e comprometimento, caso contrário, a instabilidade continuará a marcar o cenário econômico.