O debate sobre os impactos da política de juros do Banco Central (BC) ganhou intensidade na última quinta-feira (12), com analistas expressando preocupação sobre a eficácia dessa política em um cenário de possível desarranjo fiscal. Especialistas destacaram que, apesar da elevação da taxa Selic para controlar a inflação, a alta dos juros pode aumentar o custo da dívida pública e gerar insegurança quanto à sustentabilidade das contas do governo. Embora ainda não haja sinais claros de dominância fiscal, um fenômeno onde a política monetária perde eficácia devido ao descontrole fiscal, o tema se mantém no radar do mercado.
Com a recente alta dos juros, o governo pode enfrentar dificuldades com o pagamento de juros da dívida, especialmente considerando que a maior parte desses custos está atrelada à Selic. Embora o governo tenha implementado medidas de contenção de gastos no fim de novembro, o pacote fiscal não foi bem recebido pelo mercado, que questiona sua capacidade de equilibrar as finanças públicas. No entanto, fontes do Ministério da Fazenda afirmaram que a situação fiscal ainda não caracteriza dominância fiscal e que ajustes pontuais na política de juros não comprometem a sustentabilidade da dívida pública, a despeito dos riscos associados.
Por outro lado, o aumento da diferença entre os juros brasileiros e os dos Estados Unidos poderia atrair mais fluxos de recursos para o Brasil, o que, em teoria, ajudaria a valorizar o real. No entanto, essa expectativa não se concretizou, com o dólar encerrando o dia em alta. A situação reflete uma percepção do mercado de que a política monetária do BC pode não ser suficiente para controlar a inflação sem um ajuste fiscal efetivo, o que coloca a dominância fiscal como uma preocupação de médio e longo prazo.