O mercado de câmbio no Brasil voltou a acompanhar o movimento de valorização global do dólar, pressionado por fatores como dados fracos da indústria chinesa e aumento nos juros dos Treasuries americanos. Esse contexto internacional, combinado com a ausência de intervenções do Banco Central, manteve o real em linha com outras moedas de economias emergentes, enquanto investidores monitoram os desdobramentos da política monetária dos Estados Unidos e o impacto nas economias globais.
No cenário doméstico, a rolagem de contratos cambiais futuros e o envio de lucros e dividendos ao exterior contribuíram para as oscilações do dólar. Apesar da desaceleração da inflação em dezembro, a leitura qualitativa do índice e a pressão dos serviços subjacentes mantêm a preocupação sobre a política monetária. O mercado de trabalho, com taxa de desemprego em seu menor nível em 12 anos, reforça a necessidade de uma postura firme do Banco Central para alinhar a inflação às metas, mas os riscos fiscais e políticos dificultam a valorização do real.
A percepção de que o cenário fiscal permanece frágil, agravada por incertezas no Congresso e pelo impasse sobre medidas de ajuste, coloca o dólar sob pressão. Analistas avaliam que, sem um choque fiscal significativo, a trajetória de alta do dólar deve persistir. Esse ambiente de aversão a risco reflete as dúvidas sobre a eficácia da política monetária diante do repasse cambial, sinalizando a possível necessidade de novas intervenções cambiais pelo Banco Central para mitigar a volatilidade.