Um cirurgião plástico e outros 12 médicos, incluindo residentes e ex-residentes, foram indiciados pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul após uma investigação sobre falhas em procedimentos cirúrgicos. O caso envolve 87 vítimas, entre mulheres e homens, que sofreram complicações como mutilações e infecções graves. Os crimes investigados incluem associação criminosa, estelionato e lesões corporais, além de cobranças irregulares para pacientes de planos de saúde. A investigação durou cerca de seis meses e revelou que o cirurgião principal se ausentava durante as cirurgias, delegando os procedimentos a médicos não especializados, sem o conhecimento dos pacientes.
Entre 2018 e 2023, mais de 66% das cirurgias realizadas pelo médico investigado precisaram de correções, com 481 de 727 procedimentos exigindo novas intervenções. Vítimas relataram negligência no tratamento pós-operatório e problemas com o atendimento, incluindo bloqueios em redes sociais para impedir queixas. Além disso, o cirurgião foi acusado de desestimular pacientes a denunciarem os resultados negativos, alegando que seus contatos profissionais impediram qualquer sucesso nas denúncias.
Embora a Polícia Civil tenha solicitado a suspensão do direito do médico de exercer sua profissão, a Justiça permitiu que ele continuasse a atender em clínica, mas sem realizar cirurgias. O profissional também foi impedido de deixar Porto Alegre e teve o passaporte apreendido. A investigação segue em andamento, com novas apurações e depoimentos de vítimas.