Um mapeamento realizado pelo Governo Federal em Campinas (SP) identificou que 33,36% da população, equivalente a 380.062 pessoas, vive em áreas classificadas como desertos alimentares, onde o acesso a alimentos saudáveis é limitado. Esses “desertos” são definidos por áreas com até cinco estabelecimentos que vendem alimentos saudáveis a cada 1.000 habitantes em um raio de 15 minutos de caminhada. Além disso, 23,16% da população, ou 263.886 pessoas, residem em regiões denominadas pântanos alimentares, caracterizadas pela alta concentração de alimentos ultraprocessados e baixa oferta de produtos frescos e nutritivos.
A pesquisa, conduzida em parceria com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, visa fornecer dados para o desenvolvimento de políticas públicas focadas em melhorar a qualidade nutricional da população, especialmente em áreas periféricas e entre famílias de baixa renda. Rodrigo Fernando Maule, pesquisador da Esalq, destaca a importância dessas informações para a implementação de soluções que possam mitigar a insegurança alimentar e nutricional, um problema crescente nas áreas mais vulneráveis.
Em resposta a essa realidade, iniciativas como o Instituto de Solidariedade para Programas de Alimentação (ISA) têm trabalhado para combater a falta de acesso a alimentos saudáveis em Campinas. A organização arrecada doações de frutas, verduras e legumes da Ceasa e distribui cerca de 33 mil cestas por mês para famílias em situação de vulnerabilidade social. Maria Carolina Becaro, gerente do ISA, enfatiza que grande parte das famílias atendidas enfrenta doenças crônicas relacionadas à alimentação, como hipertensão e diabetes, destacando a necessidade urgente de políticas públicas que promovam uma alimentação mais saudável e acessível, a fim de reduzir os custos futuros para o sistema de saúde.