A agitação em Moçambique aumentou após a confirmação da vitória do partido governista nas eleições de 9 de outubro, que foi denunciada como fraudulenta pela oposição. Desde a ratificação da vitória pela Corte Constitucional, no início de novembro, o país tem enfrentado intensos protestos, com barricadas e atos de vandalismo em Maputo, incluindo o saque de lojas e incêndios de veículos. Manifestantes também bloquearam ruas, criando um ambiente de insegurança crescente, especialmente em bairros operários da capital, onde algumas pessoas celebraram o Natal nas ruas. A crise de segurança também se intensificou com a fuga em massa de mais de 1.500 prisioneiros, incluindo membros de grupos terroristas de Cabo Delgado.
Na manhã de quarta-feira (25), 1.534 detentos escaparam da Cadeia Central de Maputo, após um confronto violento com agentes penitenciários. Pelo menos 33 fugitivos morreram e 15 ficaram feridos. A fuga foi facilitada por tumultos causados por manifestantes, que se aproximaram da prisão e destruíram uma parede. Entre os fugitivos, 30 eram integrantes de organizações jihadistas ativas na região de Cabo Delgado, e as autoridades estão preocupadas com o impacto dessa fuga para a segurança nacional, temendo uma aliança entre os foragidos e grupos criminosos.
Desde o início das manifestações, mais de 150 pessoas morreram em atos de violência, incluindo ataques a delegacias e centros de detenção. O governo também relatou greves e bloqueios em várias regiões do país, que resultaram em dezenas de feridos. O ministro do Interior afirmou que a situação de insegurança pode se agravar nos próximos dias, especialmente com a possibilidade de os prisioneiros recapturados se unirem a facções criminosas já presentes no território. As tensões políticas e sociais continuam a marcar o cenário no país, com a oposição reiterando suas acusações de fraude nas eleições e o governo tentando restaurar a ordem.