Um levantamento realizado pelos Cartórios de Registro Civil de São Paulo revelou que mais de 34 mil crianças e adolescentes até 17 anos perderam ao menos um dos pais entre 2021 e 2024. O estudo, que utilizou dados cruzados dos CPFs de pais registrados em certidões de óbito e nascimento, indicou uma média anual de 8,6 mil órfãos no estado, com destaque para a capital, onde a média foi de aproximadamente 2,2 mil casos por ano. A inclusão do CPF no registro de óbitos e nascimentos, uma medida que entrou em vigor em 2021, foi fundamental para a realização da pesquisa.
Em 2021, a pandemia de Covid-19 teve um impacto significativo, sendo responsável por um terço dos casos de orfandade no estado. A doença deixou 2.988 crianças órfãs naquele ano, com 661 casos na capital paulista. Desde o início da pandemia, a Covid-19 e doenças relacionadas causaram a orfandade de 3.689 crianças no estado, número que sobe para 5.903 quando incluem doenças como síndrome respiratória aguda grave e insuficiência respiratória. O levantamento também aponta que, além da Covid-19, outras doenças como infarto, AVC, sepse e pneumonia contribuíram para o aumento dos óbitos de pais durante os últimos anos.
Embora o número de órfãos de ambos os pais seja menor, o estudo também registrou esses casos, que variam entre 126 e 174 por ano no estado. São Paulo lidera o número de órfãos no Brasil, seguido por estados como Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os dados refletem uma situação preocupante e ressaltam o impacto das doenças e da pandemia sobre a vulnerabilidade das crianças no estado.