O Censo Demográfico de 2022, realizado pelo IBGE, revelou que pela primeira vez a maioria dos indígenas no Brasil reside em áreas urbanas, contrastando com o Censo de 2010, quando predominava a população indígena em áreas rurais. Essa mudança reflete a migração de muitos indígenas para as cidades em busca de melhores condições de educação e trabalho. A pesquisa também apontou um aumento significativo no número de localidades indígenas, com mais de 8.500 comunidades espalhadas pelo país, principalmente na região Norte. A metodologia aprimorada do IBGE ajudou a mapear com mais precisão a presença indígena nas zonas urbanas e rurais.
Embora a taxa de analfabetismo entre os indígenas tenha diminuído consideravelmente, ela ainda se mantém acima da média nacional. Além disso, mesmo em centros urbanos, os indígenas continuam enfrentando desafios como o acesso limitado a serviços básicos, como saneamento. O processo de urbanização dos povos indígenas tem gerado novas dinâmicas, com muitos vivendo em bairros periféricos e reivindicando direitos em um contexto urbano. Esses grupos, muitas vezes presentes em comunidades consolidadas nas cidades, buscam melhores oportunidades de vida, mas também enfrentam dificuldades relacionadas à adaptação e acesso a serviços.
A realidade urbana tem trazido mudanças significativas na forma de vida indígena. Exemplo disso é a “aldeia vertical” no centro do Rio de Janeiro, onde diversas famílias indígenas convivem em um prédio, cultivando plantas e mantendo práticas tradicionais, como forma de se adaptar ao novo ambiente urbano. Para muitos, a cidade representa a possibilidade de reconfigurar sua identidade e cultura, mantendo vivas suas tradições em meio a novos desafios. A pesquisa do IBGE, ao revelar esses aspectos, oferece um panorama mais preciso e abrangente da realidade indígena no Brasil, que ultrapassa a visão tradicional de isolamento nas zonas rurais.