O presidente francês Emmanuel Macron celebra a reabertura da Catedral de Notre-Dame, um feito simbólico após a restauração do monumento que foi severamente danificado por um incêndio em 2019. A cerimônia, marcada para este fim de semana, contará com a presença de líderes globais e é vista como uma demonstração de resiliência do governo francês. Macron havia prometido, logo após o desastre, que a catedral seria restaurada em cinco anos, um compromisso cumprido, o que poderia fortalecer sua imagem. Contudo, a crise política no país ofusca esse momento, com a França atravessando um período de grande instabilidade.
A crise é agravada pela falta de um primeiro-ministro e pela dificuldade de aprovação de um orçamento para o próximo ano, resultante de um Parlamento sem maioria clara. Depois da derrota nas eleições de 2022, Macron dissolveu a Assembleia Nacional, convocando novas eleições que resultaram em um Congresso fragmentado, dificultando a governabilidade. Essa situação tem gerado crescente insatisfação, com muitos franceses culpando o presidente pela atual paralisia política. O presidente, por sua vez, tem se recusado a assumir a responsabilidade, atribuindo a instabilidade à polarização entre a esquerda e a extrema direita.
Embora a restauração de Notre-Dame seja um símbolo de recuperação e um alívio emocional para a população, ela não é vista como uma solução para os desafios políticos enfrentados por Macron. Analistas apontam que, após o evento, a crise de governabilidade deve continuar, com poucas perspectivas de um governo estável até o final do mandato do presidente, em 2027. Para muitos, a reabertura de Notre-Dame é mais um reflexo da capacidade do país de se reconstruir, mas não há consenso de que isso será suficiente para restaurar a confiança no governo francês.