No contexto da votação das urgências do pacote fiscal, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, reconheceu que seu poder político diminuiu em comparação com o passado, mas afirmou que ainda possui influência significativa. Durante uma reunião com líderes, Lira usou a metáfora do “café frio”, comum em Brasília para se referir a políticos no final de mandato, para ilustrar sua situação, embora tenha pedido apoio à aprovação das matérias urgentes. Apesar da diminuição de sua visibilidade, ele garante que resolverá a questão das emendas no próximo período.
No governo Lula, há ceticismo sobre a ideia de que Lira perderá completamente sua força após a eleição de um novo presidente da Câmara. Assessores próximos ao Planalto afirmam que Lira continua sendo uma referência no esquema do orçamento secreto, tendo amplo conhecimento sobre a distribuição de emendas e a relação com parlamentares. Esse domínio sobre os recursos pode garantir sua continuidade de influência, mesmo fora da presidência da Câmara.
Em relação à liberação das emendas, o governo federal, por meio do ministro Flávio Dino, tem adotado medidas mais rigorosas para identificar os responsáveis por emendas de comissão e de bancada, o que diminui o poder tradicional dos presidentes de comissões e líderes da Casa, incluindo Lira. Embora as novas diretrizes favoreçam o controle mais centralizado do governo, a necessidade de aprovar o pacote fiscal gera uma pressão pragmática, com o Planalto buscando possíveis concessões ao ministro Dino para facilitar a tramitação das propostas no Congresso.