João Pedro Stedile, um dos principais líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), fez duras críticas às mudanças recentes no programa Minha Casa Minha Vida, implementadas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Stedile, o aumento no valor dos imóveis e a elevação da faixa de renda para acesso ao programa beneficiaram mais as classes médias baixas do que os trabalhadores sem-teto, que, em sua maioria, ainda desconhecem a existência do programa. Ele defendeu que o governo redirecione recursos para organizações populares, a fim de viabilizar a participação dos mais necessitados e reduzir o custo de construção das casas.
O programa, por sua vez, opera com duas modalidades de financiamento: a subsidiada, destinada a famílias com renda de até R$ 2.850, e a financiada, que abrange até R$ 8.000. O governo federal ampliou o subsídio para a aquisição de imóveis e reduziu os juros do financiamento para famílias de menor renda. Além disso, houve o aumento do teto para o valor dos imóveis, permitindo a inclusão de moradias de até R$ 350 mil, e a extensão do prazo para financiamento, que passou de 30 para 35 anos. Essas alterações têm o objetivo de ampliar o acesso à casa própria, mas geraram polêmica em torno da distribuição de benefícios.
O Ministério das Cidades respondeu que o programa continua priorizando as famílias de baixa renda e que a modalidade subsidiada teve um aumento significativo de orçamento para 2024. Além disso, destacaram avanços na modalidade MCMV-Entidades, com a retomada de unidades habitacionais paralisadas e a autorização para novos empreendimentos. Embora o governo tenha reforçado sua transparência e eficiência, as críticas de Stedile apontam para uma possível falha em alcançar efetivamente os grupos mais vulneráveis, como os sem-teto, sem a devida participação das entidades sociais no processo.