Abu Mohammed al-Jolani, líder de uma facção rebelde síria, iniciou sua trajetória no contexto da revolta contra o regime de Bashar al-Assad, com uma ligação histórica com o movimento jihadista. Durante a década de 2010, ele comandou a criação de grupos como Jabhat Al Nusra e, posteriormente, Hayat Tahrir Al Sham (HTS), que inicialmente seguiam uma agenda radical. Ao longo dos anos, sua postura foi gradualmente se distanciando da ideologia jihadista tradicional, com o objetivo de conquistar apoio internacional e diminuir a pressão das potências ocidentais.
Sua transformação incluiu a adoção de um perfil mais moderado, com mudanças em sua imagem pública e estratégias políticas. Ao longo do tempo, al-Jolani abandonou o estilo militar típico de grupos radicais, trocando-o por roupas ocidentais, e passou a governar com uma abordagem semi-tecnocrática, tentando se consolidar como uma liderança local viável. A sua retórica evoluiu para focar na luta pela liberdade da Síria, em vez de um jihadismo transnacional, embora seu grupo ainda seja considerado uma organização terrorista por vários países.
Apesar das tentativas de reformulação, o tratamento de dissidentes e opositores dentro das áreas controladas por sua facção continua sendo uma preocupação. Grupos de direitos humanos apontam para abusos e repressões severas em Idlib, onde o HTS mantém o controle. Al-Jolani, entretanto, continua a se apresentar como uma figura que busca afastar sua facção de vínculos com organizações extremistas e almeja uma maior influência na dinâmica política regional, enquanto se posiciona contra a crescente presença do Irã no Oriente Médio.