O mercado de leilões de imóveis no Brasil tem registrado um crescimento expressivo nos últimos anos, impulsionado pela crescente inadimplência das famílias. Em 2022, 9 mil imóveis foram a leilão, número que aumentou para 26 mil em 2023, e no primeiro semestre de 2024, o total já superava 44 mil. Esse aumento está relacionado à dificuldade de muitos brasileiros em cumprir com suas dívidas, especialmente de financiamentos imobiliários, que resultam na retomada de casas e apartamentos por bancos e instituições financeiras.
Especialistas apontam que a velocidade do processo de leilão tem sido acelerada, com o número de imóveis em disputa aumentando consideravelmente em comparação aos anos anteriores. A advogada Natália Roxo destaca que, após o inadimplemento, o procedimento legal de notificação e o leilão podem acontecer em um período relativamente curto, muitas vezes em menos de seis meses. A situação, embora vista por alguns como uma oportunidade de compra com grandes descontos, representa o fim de um ciclo de dificuldades financeiras para muitas famílias.
A professora Maria Paula Bertran, da USP, alerta para os impactos econômicos da crescente inadimplência no Brasil, que afeta a capacidade de pagamento de uma grande parte da população. Com cerca de 80% das famílias endividadas, o aumento nos leilões de imóveis reflete um cenário de crise econômica e dificuldades estruturais, em um país onde muitos contratos de financiamento são longos, mas os ciclos econômicos são curtos e voláteis.