Em 2024, Kim Jong Un anunciou uma mudança ideológica histórica na Coreia do Norte ao renunciar oficialmente à reunificação da península coreana, uma meta que esteve no centro da política norte-coreana por mais de sete décadas. O líder comunista declarou que a reunificação não é mais uma prioridade e que a Coreia do Sul passou a ser vista como o principal inimigo do regime, antes ocupada exclusivamente pelos Estados Unidos. Além disso, ele desmantelou instituições de cooperação intercoreanas e mandou destruir símbolos da reunificação, como o Arco da Reunificação e as infraestruturas conectando os dois países. Essa reorientação também se refletiu na mudança de nome de certos espaços públicos e no apagamento do termo “reunificação” de documentos oficiais.
A decisão de Kim vem em um contexto de crescente tensão na Península da Coreia, mas também em um momento crucial de mudança nas relações internacionais. A Coreia do Norte tem estreitado laços com a Rússia, enquanto os Estados Unidos, após a eleição de um novo governo, se encontram com uma postura mais incerta em relação à península. Especialistas apontam que a nova postura de Kim pode ser uma reação à crescente influência cultural e política da Coreia do Sul, especialmente entre as gerações mais jovens do Norte, que são expostas ao conteúdo sul-coreano. Esse fenômeno estaria desafiando o controle ideológico do regime, e a demonização da Coreia do Sul serviria para afastar a população norte-coreana de qualquer ideal de reunificação.
Embora Kim tenha removido referências à reunificação de sua Constituição e proclamado a Coreia do Sul como um inimigo, analistas acreditam que essa mudança pode ser uma estratégia política para fortalecer sua posição interna e externa, mais do que uma renúncia definitiva ao objetivo de unificar a península sob seu controle. Alguns estudiosos sugerem que o regime de Kim ainda visa uma eventual reunificação, mas agora de forma mais estratégica e flexível, buscando isolar a Coreia do Sul e consolidar sua própria sobrevivência política. O cenário atual mostra que, apesar das novas retóricas, as tensões entre os dois países continuam a ser um terreno fértil para novas provocações e disputas.