As taxas dos contratos de DI (Depósito Interfinanceiro) no Brasil registraram uma forte alta nesta segunda-feira (23), superando os 40 pontos-base em diversos vencimentos. A desconfiança do mercado em relação à política fiscal do governo e o aumento dos rendimentos dos Treasuries, nos Estados Unidos, impulsionaram essa movimentação. Com o mercado brasileiro fechado durante o Natal, a liquidez foi reduzida, o que intensificou as oscilações dos preços, incluindo a valorização do dólar, que se aproximou de R$ 6,20.
Entre os contratos mais longos, as taxas para 2026 e 2027 registraram aumentos significativos, refletindo as incertezas fiscais internas, especialmente em relação ao pacote fiscal que ainda está sendo discutido no Congresso. Embora não houvesse novidades concretas no cenário fiscal, a falta de liquidez e a aversão ao risco impulsionaram o movimento. Para o analista Henrique Cavalcante, a curva de juros se abriu devido à persistente preocupação com a situação fiscal do país, enquanto o cenário externo ajudava a sustentar essa tendência.
Em termos de expectativas econômicas, a pesquisa Focus do Banco Central indicou que as projeções de inflação estão se distanciando da meta estabelecida pela autoridade monetária. A expectativa de alta do IPCA foi revista para cima, tanto em 2024 quanto em 2025, o que eleva as previsões sobre a Selic, com o mercado já precificando uma alta de 125 pontos-base na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em janeiro. No exterior, os rendimentos dos Treasuries continuaram a subir, refletindo a percepção de que o Federal Reserve pode ser mais cauteloso ao cortar juros em 2025.