Os juros futuros apresentaram movimentos distintos nesta sexta-feira, com taxas curtas em leve alívio após o IPCA-15 de dezembro registrar 0,34%, abaixo do esperado. Apesar disso, analistas destacam que os dados qualitativos da inflação permanecem preocupantes, com núcleos e serviços em níveis elevados, indicando pressões inflacionárias à frente. A desaceleração no IPCA-15 foi puxada por itens específicos, como passagens aéreas, enquanto bens industriais e serviços subjacentes mostraram piora.
Já as taxas intermediárias e longas voltaram a subir expressivamente, refletindo um cenário político conturbado e a alta do dólar em meio à ausência de intervenções do Banco Central. A crise envolvendo as emendas parlamentares e os desentendimentos entre STF e Congresso geram incertezas sobre o orçamento de 2025 e a governabilidade futura. Além disso, o aumento nos rendimentos dos Treasuries nos Estados Unidos contribuiu para o avanço dos prêmios.
Embora os dados de emprego tenham mostrado resultados mistos, como o menor nível histórico de desemprego (6,1%) e a criação de 106,6 mil vagas formais em novembro, eles não tiveram impacto significativo nos juros. O mercado de trabalho segue aquecido, reforçando expectativas de crescimento acima do potencial, o que pode levar a um aperto monetário mais intenso. A continuidade desse panorama evidencia a complexidade do cenário econômico atual, marcado por inflação resistente e desafios fiscais e políticos.