Os juros futuros fecharam em forte queda nesta terça-feira, 10, refletindo um movimento de correção impulsionado pela melhora na percepção do risco fiscal, tanto no curto quanto no longo prazo. Esse ajuste foi favorecido pela sinalização positiva da Câmara sobre a aprovação de um pacote de corte de gastos, além da percepção de que o cenário eleitoral para 2026 poderá ser mais aberto, caso o presidente não participe da disputa. Apesar de uma leitura negativa do IPCA de novembro, a curva de juros refletiu um alívio nas expectativas econômicas. A taxa do contrato DI para janeiro de 2026 caiu para 14,37%, a de 2027 para 14,64%, e a de 2029 para 14,23%.
A economista-chefe da Mirae Asset, Marianna Costa, explicou que a curva de juros estava muito pressionada nos últimos dias devido a temores sobre o adiamento das votações das medidas fiscais para 2025. A situação foi aliviada com a informação de que o governo permitirá o pagamento de R$ 6,4 bilhões em emendas, o que aumentou as chances de aprovação de medidas fiscais ainda este ano. Esse movimento também foi reforçado pela sinalização do presidente da Câmara, Arthur Lira, de que pode destravar a tramitação do pacote de cortes.
Porém, o mercado também reagiu ao episódio envolvendo a cirurgia do presidente, o que levantou questionamentos sobre sua possível candidatura em 2026. Essa incerteza é vista como uma redução do risco fiscal, pois a disputa eleitoral poderia abrir espaço para candidatos com políticas fiscais mais rigorosas. Apesar disso, a curva de juros ainda reflete uma expectativa de aumento de 1 ponto na Selic nas próximas reuniões do Copom. A inflação de novembro, embora tenha superado as expectativas, ficou em segundo plano, com o mercado focado mais na conjuntura fiscal e política.