Um julgamento que ocorre em Avignon está atraindo atenção devido à complexidade e gravidade das acusações de abuso sexual. Cinquenta homens são acusados de crimes contra uma mulher, Gisèle, que foi drogada e abusada por um longo período sob o controle de seu marido. Esses réus, provenientes de diversas profissões e localidades, representam um microcosmo da sociedade francesa e são chamados de “Monsieur-Tout-Le-Monde”, uma referência a indivíduos comuns, mas com envolvimento em um crime de grande magnitude. O caso é sustentado por uma quantidade substancial de evidências, incluindo gravações feitas durante anos, que corroboram as acusações.
Durante o julgamento, os réus apresentam uma defesa que mistura alegações de manipulação e engano por parte do marido da vítima. Alguns afirmam ter sido induzidos a participar dos abusos sem saber da condição de sua vítima, enquanto outros reconhecem a gravidade de suas ações, mas argumentam que não estavam cientes do estado de consenção da mulher. As defesas também exploram questões de trauma e circunstâncias pessoais que poderiam ter levado os acusados a cometer tais atos. Os promotores, por sua vez, buscam sentenças pesadas, com base na natureza premeditada e nos agravantes das ações, incluindo o fato de que os crimes ocorreram ao longo de uma década.
O caso não apenas reflete os abusos sofridos por Gisèle, mas também levanta questões sobre a responsabilidade individual e a dinâmica de poder em situações de manipulação e violência. A vítima, em depoimento, afirmou que não houve coação direta, mas uma escolha consciente de todos os envolvidos de não buscar ajuda, o que complica a alegação de que estavam sob controle absoluto. Este julgamento, ainda em andamento, busca esclarecer até que ponto os réus foram cúmplices de um sistema de abuso e até que ponto são responsáveis por suas ações em um contexto de manipulação psicológica e drogas.