Um juiz federal dos Estados Unidos rejeitou, nesta quinta-feira, um acordo entre a Boeing e o governo americano, que envolvia o pagamento de multas e a admissão de culpa por parte da empresa em relação a enganos cometidos durante o processo de certificação do 737 Max. O acordo previa uma multa de até US$ 487 milhões, mas o juiz Reed O’Connor questionou a forma como um monitor independente deveria ser escolhido para supervisionar a Boeing, um ponto central no processo de cumprimento das normas de segurança. O’Connor destacou que o Departamento de Justiça teria mais controle sobre a seleção do monitor do que o próprio tribunal, o que prejudicaria a confiança pública no processo.
A Boeing foi acusada de enganar a Administração Federal de Aviação (FAA) sobre falhas no projeto do 737 Max, que resultaram em dois acidentes fatais em 2018 e 2019. Durante as investigações, ficou claro que a empresa omitiu informações cruciais que poderiam ter evitado a tragédia. Embora a empresa tenha admitido responsabilidade pelos acidentes, alegou que as informações enganosas não causaram diretamente as mortes. Para o Departamento de Justiça, o acordo visava evitar um processo judicial mais longo, mas as famílias das vítimas questionaram a adequação da multa proposta, considerando o impacto das tragédias e os lucros obtidos pela Boeing.
O juiz O’Connor ressaltou que o acordo judicial falhou em garantir uma supervisão efetiva da Boeing, o que levou a uma vitória para as famílias das vítimas, que agora esperam uma revisão substancial do acordo. Apesar da decisão favorável, especialistas sugerem que um novo acordo pode ser difícil de negociar, principalmente com a mudança no governo dos EUA. O futuro das negociações é incerto, mas a decisão pode resultar em uma maior responsabilidade para a Boeing, incluindo um monitoramento mais rigoroso de suas práticas de segurança e a revisão do valor das multas a serem pagas pela empresa.