O jejum intermitente, prática popularizada nas redes sociais como uma estratégia simples e eficaz para perda de peso, tem gerado preocupações entre especialistas devido à falta de evidências científicas robustas sobre sua segurança e eficácia. Um estudo recente, realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo, revela os potenciais riscos dessa prática, especialmente no que diz respeito ao aumento da compulsão alimentar. A pesquisa envolveu 458 estudantes e mostrou que aqueles que adotaram o jejum intermitente nos três meses anteriores à entrevista apresentaram níveis mais altos de desejo por comida e episódios de compulsão alimentar.
De acordo com os resultados, a relação entre o jejum e o aumento da compulsão alimentar foi notável. Estudantes com episódios de compulsão alimentar grave praticaram 140% mais horas de jejum do que os não compulsivos. Além disso, a análise mostrou que, à medida que aumentavam os desejos por comida, também se expandia o número de horas dedicadas ao jejum. A pesquisa também revelou que, em geral, a taxa de jejum entre os participantes compulsivos foi 115% maior que a dos não compulsivos, sugerindo uma possível correlação entre restrição alimentar e comportamento desordenado.
Embora o estudo não tenha realizado diagnósticos formais de transtornos alimentares, ele aponta para padrões preocupantes relacionados ao comportamento alimentar. De acordo com o pesquisador responsável pela investigação, existem diferentes formas de compulsão alimentar, como a compulsão associada ao baixo peso ou à purgação, o que pode indicar a presença de transtornos alimentares. O estudo destaca a importância de se abordar o jejum intermitente com cautela e de considerar os possíveis efeitos psicológicos e comportamentais adversos antes de adotar práticas alimentares restritivas.