A queda de Bashar al-Assad na Síria representou um golpe significativo para o Irã, que havia investido fortemente no apoio ao regime sírio como parte de sua estratégia regional. A perda de Assad enfraqueceu o chamado “Eixo da Resistência”, uma aliança de grupos pró-iranianos no Oriente Médio, incluindo o Hezbollah e as milícias no Iraque e Iémen. Essa derrota, combinada com os desafios internos e a crescente pressão internacional, deixou o Irã em uma posição vulnerável, especialmente com a iminente presidência de Donald Trump, que pode intensificar as sanções e a pressão diplomática. O país agora enfrenta uma reavaliação de sua política externa e de defesa, que inclui o fortalecimento das suas defesas nucleares.
Internamente, o Irã também lida com desafios econômicos e sociais, exacerbados por protestos e descontentamento popular. As dificuldades econômicas, como o desemprego e a inflação, são amplificadas por uma juventude cada vez mais desconectada do regime, que questiona a legitimidade da Revolução Islâmica e resiste às restrições sociais, como as relacionadas ao uso do hijab. Apesar disso, o regime continua mantendo um controle rígido sobre a oposição, o que, segundo especialistas, torna improvável uma revolta em larga escala, pelo menos no curto prazo.
O futuro do Irã está profundamente ligado à sua capacidade de reagir a essas crises simultâneas. Embora o país tenha perdido sua posição estratégica na Síria e enfraquecido sua rede de aliados regionais, ele ainda conta com forças militares significativas e pode reconfigurar suas alianças regionais para garantir sua sobrevivência. A questão nuclear também se mantém como uma prioridade central, com o Irã avançando significativamente em seu programa de enriquecimento de urânio, o que tem gerado preocupações no Ocidente. O Irã deverá equilibrar sua resistência externa com a necessidade de manter estabilidade interna em um cenário global e regional cada vez mais volátil.