Os investidores em títulos do Tesouro dos Estados Unidos têm demonstrado crescente aversão aos papéis de longo prazo, especialmente após o Federal Reserve sinalizar uma menor redução nas taxas de juros para 2025. Embora o corte das taxas tenha sido inicialmente interpretado como um estímulo para o mercado de títulos, a mudança nas expectativas sobre a inflação e o comportamento da economia geraram uma reação adversa. O rendimento dos títulos de 10 anos subiu para cerca de 4,6%, sinalizando a fuga dos investidores que, ao venderem suas posições, desvalorizam os papéis. Isso ocorre porque a relação entre rendimento e preço dos títulos é inversa: quando os rendimentos aumentam, os preços caem.
O Federal Reserve revisou suas projeções para 2025, apontando agora para dois cortes de 25 pontos na taxa de juros, em comparação com os quatro cortes previstos anteriormente. Embora a redução das taxas tenha sido vista como um alívio para a economia, os investidores demonstram preocupação com o aumento da inflação, que pode corroer o poder de compra dos pagamentos fixos oferecidos pelos títulos. A persistência de uma inflação mais alta, junto à incerteza econômica, fez com que os investidores exigissem rendimentos mais elevados para compensar o risco adicional. Assim, a venda de títulos aumentou, refletindo a percepção de que a inflação pode permanecer elevada por mais tempo do que o esperado.
A situação foi ainda mais complicada pela instabilidade política e econômica, como as negociações em torno do teto da dívida e as incertezas associadas a políticas econômicas futuras, incluindo possíveis influências do Partido Republicano. Especialistas, como os estrategistas da BMO e da Macquarie, sugerem que o Federal Reserve perdeu confiança na volta da inflação à meta de 2%, o que leva os investidores a exigir maiores rendimentos como uma proteção contra o risco inflacionário. Esse ambiente de incerteza macroeconômica e política tem pressionado ainda mais o mercado de títulos do Tesouro, com impactos significativos nas taxas de juros e na confiança dos investidores.