O Banco Central (BC) tem realizado intervenções no mercado de câmbio para minimizar os impactos da valorização do dólar, que tem superado a marca de R$ 6,00 nas últimas semanas. Essas ações visam, principalmente, mitigar prejuízos em reais ou gerar lucros, que, caso registrados, são repassados ao Tesouro Nacional, para o pagamento da dívida pública. Embora o BC tenha negado que as vendas de dólares busquem reduzir diretamente a dívida pública, o objetivo declarado é corrigir disfuncionalidades no mercado de câmbio e garantir seu bom funcionamento.
As reservas internacionais, que atualmente somam cerca de US$ 350 bilhões, desempenham um papel crucial como “seguro” contra choques externos, mas também geram um custo significativo para o país, estimado em R$ 40 bilhões anuais. Esse custo é explicado pelo rendimento baixo dos ativos em que as reservas são aplicadas, principalmente títulos do governo dos EUA, cujos juros são inferiores aos pagos pelo Brasil na emissão de seus próprios papéis. Embora as reservas sejam essenciais para a segurança econômica, especialistas apontam que o custo de carregamento representa uma preocupação fiscal.
O atual cenário de alta do dólar abriu uma janela de oportunidade para o BC vender parte das reservas e aproveitar a valorização da moeda norte-americana, o que poderia ajudar a mitigar o impacto do custo de carregamento das reservas. Economistas apontam que, se parte das reservas adquiridas quando o câmbio estava em R$ 1,90 for vendida agora, em um momento de dólar acima de R$ 6,00, isso poderia resultar em um ganho significativo para as finanças públicas. Apesar disso, a recomendação é manter um volume estratégico de reservas para garantir a estabilidade do mercado financeiro.