Mais da metade da população indígena da Paraíba, equivalente a 56,37%, vive em áreas urbanas, com 16.991 pessoas residentes nas cidades do estado, conforme dados divulgados pelo IBGE. O pesquisador Givanildo Silva, membro da Aliança Multiétnica de Indígenas em Contexto Urbano, destaca que a presença indígena nas cidades é histórica, uma vez que muitas delas foram formadas sobre territórios indígenas. Silva observa que o poder público frequentemente ignora essa realidade e impõe uma visão limitada, associando a figura do indígena exclusivamente às aldeias, o que contribui para a invisibilização e marginalização dessa população nas áreas urbanas.
A falta de reconhecimento da diversidade de organizações indígenas nas cidades resulta em graves violações de direitos, como o apagamento da identidade e cultura dessas comunidades. Durante o período de 1890 a 1990, muitos indígenas foram classificados erroneamente como “pardos” no Censo, o que dificultou a mensuração precisa da população indígena nas áreas urbanas e, consequentemente, a formulação de políticas públicas adequadas. A invisibilidade da população indígena urbana também impede que suas condições de vida, incluindo questões relacionadas à saúde, educação e direitos humanos, sejam corretamente abordadas e atendidas.
Apesar desses desafios, existem esforços para corrigir as falhas históricas. Em 2024, a Fundação Nacional do Índio (Funai) reconheceu as diversas formas de organização dos povos indígenas, incluindo aqueles em contextos urbanos. Esse reconhecimento pode ser crucial para garantir aos indígenas o pleno acesso à cidadania e aos direitos básicos. Além disso, a Paraíba possui três territórios indígenas oficialmente reconhecidos e diversas localidades de concentração indígena, como João Pessoa e Baía da Traição, que refletem a realidade de comunidades que, embora não possuam terras demarcadas, têm uma presença significativa no estado.