O recente acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, anunciado pelo governo federal, projeta um aumento significativo no fluxo comercial entre o Brasil e o bloco europeu, estimado em R$ 94,2 bilhões até 2044, representando 5,1% do comércio atual. O impacto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode alcançar R$ 37 bilhões, ou 0,34% da economia, segundo estimativas. A redução tarifária será gradual, com aumentos previstos de R$ 42,1 bilhões nas importações da União Europeia e R$ 52,1 bilhões nas exportações brasileiras, além de um aumento de R$ 13 bilhões em investimentos no país.
Apesar do otimismo governamental, especialistas ponderam que os efeitos econômicos serão percebidos a longo prazo e serão limitados. Salvaguardas foram incluídas para proteger setores como o automotivo, mas a efetividade depende de sua aplicação. O professor Giorgio Romano destaca que o acordo pode fortalecer o poder de negociação do Brasil com outras potências, como China e Estados Unidos, mas observa que o impacto sobre o emprego e a economia será lento. Além disso, o acordo prevê cotas para produtos agrícolas do Mercosul, enquanto os produtos industriais europeus terão maior liberdade de entrada, evidenciando uma assimetria nas condições comerciais.
O comércio entre Brasil e União Europeia já é significativo, sendo este o segundo maior parceiro comercial do país, atrás da China. Em 2023, as exportações brasileiras para o bloco somaram US$ 46,3 bilhões, lideradas por alimentos para animais e minérios metálicos, enquanto as importações alcançaram US$ 45,4 bilhões, com destaque para produtos farmacêuticos e máquinas industriais. As expectativas incluem, além de ganhos econômicos, um impacto político no fortalecimento da inserção internacional do Brasil e do Mercosul, ainda que os benefícios concretos demorem a se materializar.