A gravidez é um período de grandes transformações no corpo da mulher, incluindo mudanças no metabolismo e na microbiota intestinal. Um estudo realizado com gestantes brasileiras identificou que desequilíbrios na microbiota podem estar relacionados à intensidade dos sintomas depressivos durante a gestação. As mulheres com sintomas depressivos mais intensos apresentaram maior presença de enterobactérias, microrganismos ligados a processos inflamatórios e à modulação de neurotransmissores. Este estudo sugere uma possível relação entre a saúde mental e a composição microbiana durante a gravidez.
O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), também observou que, à medida que as gestantes com sintomas depressivos recebiam tratamento psiquiátrico, a composição da microbiota mudava, com um aumento na quantidade de bifidobactérias, microrganismos benéficos. Essa descoberta reforça a ideia de que a microbiota intestinal não apenas reflete, mas pode influenciar o quadro de depressão, apontando para uma relação bidirecional entre o estado mental da gestante e a microbiota intestinal. Esses achados se alinham com pesquisas anteriores que associam doenças psiquiátricas à alteração da microbiota.
O estudo também destaca a importância do monitoramento da saúde mental das gestantes, sugerindo que a inclusão da Escala de Edimburgo, um teste para identificar sintomas depressivos, no acompanhamento de pré-natal poderia ser benéfica. Apesar de a investigação psiquiátrica ser recomendada, ela ainda é pouco difundida no Brasil, e estima-se que uma grande parte das mulheres com transtornos mentais durante a gestação não receba o tratamento adequado. O impacto de problemas de saúde mental materna pode afetar o desenvolvimento do bebê, com riscos para o nascimento prematuro e comprometimento no desenvolvimento psíquico e neurológico da criança.