O cenário de inadimplência no Brasil ainda preocupa, apesar de uma leve melhora em relação ao ano passado. Dados do Banco Central indicam que o endividamento das famílias alcançou 48% em setembro de 2024, um leve recuo em comparação ao ano anterior, mas ainda distante dos níveis observados antes da pandemia. A alta taxa de juros, atualmente em 12,25% ao ano, tem dificultado o acesso ao crédito e pode agravar o endividamento das famílias, que já enfrentam desafios financeiros significativos. A especialista Merula Borges, da CNDL, destaca que, embora a situação macroeconômica tenha melhorado, a organização financeira das famílias continua sendo um ponto crítico para a recuperação.
Muitos consumidores têm retornado ao cadastro de inadimplentes devido à falta de planejamento financeiro e à reincidência no atraso de pagamentos. O tempo médio entre o vencimento de uma dívida e a contração de outra é de aproximadamente 2,5 meses. A educadora financeira Aline Soaper explica que, frequentemente, esses consumidores tentam resolver seus problemas financeiros com novas dívidas, o que acaba agravando a situação. A falta de controle sobre os gastos e a tendência de buscar crédito emergencial, como o cheque especial, também são fatores que contribuem para a reincidência no cadastro de devedores.
Para evitar que a situação se repita, especialistas sugerem uma reorganização do orçamento familiar, considerando tanto as despesas fixas quanto as variáveis, e a criação de uma nova fonte de renda, como horas extras ou a venda de produtos e serviços. Além disso, é fundamental que o consumidor busque renegociar as dívidas de forma que não comprometa os gastos essenciais, como aluguel e alimentação. Outra recomendação é que o devedor evite contrair novas dívidas para quitar débitos antigos, além de tomar cuidado ao vender bens, já que essa estratégia pode apenas adiar o problema sem resolvê-lo de fato. O governo federal lançou mais um mutirão de renegociação de dívidas, uma oportunidade para quem busca limpar seu nome, mas é crucial que o consumidor se prepare financeiramente para honrar os novos compromissos.