A expectativa do governo e do mercado era que a Câmara dos Deputados priorizasse o pacote de ajuste fiscal enviado pelo governo nesta semana, mas a pauta foi deslocada por temas relacionados à segurança pública, impulsionados pela bancada da bala. A principal proposta em debate inclui uma anistia para armas de fogo ilegais adquiridas até 2008, permitindo que os donos regularizem sua posse a qualquer momento. Especialistas alertam que essa medida pode beneficiar o crime organizado, já que amplia o prazo de validade do registro de armas e flexibiliza restrições sobre portadores investigados.
Enquanto isso, o presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que o governo não tem votos suficientes para aprovar o pacote fiscal, o que gerou preocupações sobre o impacto econômico. A proposta fiscal, que visa economizar R$ 370 bilhões até 2030, é considerada essencial para a redução da inflação e controle da dívida pública. O mercado financeiro também observa com atenção a aprovação desse pacote, embora considere o projeto do governo aquém das necessidades atuais. A falta de um ajuste fiscal eficaz tem provocado a elevação do dólar e de juros no país.
Além da polêmica sobre as armas, a Câmara também aprovou outras medidas, como a criação de um cadastro nacional de facções criminosas e um projeto que criminaliza a adulteração de bagagens em transportes para tráfico de drogas. Essas propostas, ainda em tramitação, devem seguir para o Senado, onde poderão ser alteradas ou aprimoradas. A discussão sobre segurança pública tem dominado o cenário político, em meio a um ambiente de insatisfação com as novas regras para o pagamento de emendas parlamentares, estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).