O governo de Luiz Inácio Lula da Silva acredita que o pacote fiscal será aprovado na próxima semana tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado. A principal preocupação do governo agora é evitar mudanças nas propostas durante as votações, especialmente na Câmara, onde há risco de desidratação das medidas, o que poderia reduzir seu impacto fiscal calculado em R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. O pacote inclui regras mais rígidas para o acesso a benefícios sociais, como o Abono Salarial e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pontos que têm gerado resistência interna, particularmente entre os membros do PT.
Dentro do Congresso, partidos de centro argumentam que não devem apoiar mudanças impopulares nas medidas, especialmente quando o próprio PT, partido do presidente, é contra essas alterações. Em resposta a essa resistência, o governo trabalha para garantir que os relatores das principais propostas, como as que tratam de salário mínimo, desonerações tributárias e benefícios sociais, consigam manter o conteúdo original dos projetos. José Guimarães, líder do governo na Câmara, se mostrou confiante no alinhamento dos relatores para evitar modificações prejudiciais.
Caso as propostas não sejam aprovadas conforme o planejado, o governo já discute a possibilidade de editar uma medida provisória, embora o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, continue acreditando na aprovação do pacote. O mercado financeiro, por sua vez, já manifesta preocupação de que as medidas fiscais não sejam suficientes para garantir o cumprimento da meta de déficit primário zero no próximo ano. Se houver desidratação no Congresso, a situação fiscal pode se complicar ainda mais, impactando a confiança dos investidores e aumentando a pressão sobre o Banco Central.