A França tem se posicionado de forma contrária ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, pressionada principalmente pelos agricultores locais que temem os impactos sobre a produção agrícola europeia. Para impedir a ratificação do tratado, o país precisará conquistar o apoio de mais membros da União Europeia, como Áustria, Polônia e, de forma mais discreta, a Holanda. No entanto, essa oposição ainda não é suficiente para bloquear o processo, que depende da decisão de outros países, como a Itália, cujo posicionamento permanece incerto.
Após a conclusão das negociações entre as equipes do Mercosul e da União Europeia, o tratado passou por uma assinatura formal, mas ainda precisa passar por etapas como a revisão jurídica e a tradução para as línguas oficiais dos países envolvidos. A próxima fase inclui a aprovação no Conselho e no Parlamento Europeu, que exigem o apoio de pelo menos 55% dos países e a representação de 65% da população total da União Europeia. Se a França e outros países conseguirem formar uma oposição sólida, podem impedir a entrada em vigor do tratado, mas a Itália desempenha um papel crucial neste cenário.
O interesse em avançar com o acordo é forte, especialmente por parte da Alemanha e da Espanha, que veem a ampliação das exportações como uma forma de impulsionar a economia europeia, enfraquecida pelo baixo crescimento do PIB. O setor industrial europeu, interessado em acessar o vasto mercado do Mercosul, também exerce pressão em favor da ratificação. No entanto, a resistência de agricultores e a incerteza política na França, agravada pela recente saída do primeiro-ministro Michel Barnier, colocam um obstáculo considerável na concretização do acordo, cujo sucesso ainda depende das negociações internas e externas nos próximos meses.