O analista sênior de Internacional, Américo Martins, acredita que, apesar do anúncio histórico do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, a França continuará se opondo à pactuação. Embora o país não consiga reunir votos suficientes para bloquear o acordo, o especialista considera que a França tentará dificultar sua implementação. Enquanto Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, fazia um discurso otimista, o ministro do Comércio francês se manifestava contra o acordo, alinhando-se à Itália para tentar desestabilizá-lo.
Martins aponta dois principais fatores para a resistência francesa: o protecionismo dos agricultores locais, que temem a concorrência do agronegócio do Mercosul, e as preocupações políticas internas do presidente Emmanuel Macron. Ele teme que o acordo possa fortalecer a ultradireita francesa, tradicionalmente apoiada pelos agricultores, o que afetaria sua popularidade.
Apesar dessas objeções, o analista considera o acordo uma vitória para o Mercosul, para uma parte da União Europeia e para a diplomacia brasileira. Ele destaca o papel do presidente brasileiro na retomada das negociações. Embora ainda precise ser aprovado pelo Conselho e pelo Parlamento Europeu, Martins acredita que o acordo poderá ser implementado dentro de um ano, trazendo benefícios econômicos tanto para o Mercosul quanto para muitos países da União Europeia.