Uma pesquisa realizada por instituições brasileiras revelou os graves impactos das mudanças climáticas na biodiversidade da Mata Atlântica. O estudo, realizado na Floresta Nacional de Pacotuba, no Espírito Santo, aponta que as florestas podem sofrer uma perda de até 70% de sua diversidade e quantidade de árvores nas próximas décadas, caso a seca continue se intensificando. As condições de seca severa afetam diretamente a capacidade das sementes de se regenerar, além de comprometer o crescimento e a resistência das plantas. Esse impacto poderia enfraquecer até mesmo os atributos ecológicos das árvores, como tamanho das folhas, produção de raízes e massa seca, prejudicando a sobrevivência das espécies.
O estudo, que simulou diferentes cenários climáticos no laboratório, observou os efeitos da escassez de água e do aumento de temperatura nas sementes coletadas da região. Os resultados indicaram que a falta de água e o aumento da temperatura podem comprometer seriamente a viabilidade das sementes, afetando a germinação e o crescimento das plantas. Mesmo sob condições menos severas que as projetadas para o futuro, a mortalidade das plantas e a redução na diversidade de espécies já seriam evidentes. Se a seca persistir, as florestas podem enfrentar uma redução significativa nas suas funções ecológicas e na regeneração das espécies.
Além de afetar a flora local, a perda de biodiversidade pode comprometer toda a cadeia alimentar e os habitats naturais, prejudicando as espécies animais que dependem das plantas para alimento e abrigo. A redução da vegetação pode também alterar o microclima regional, afetando a temperatura e a umidade, o que torna o ambiente menos habitável para muitas espécies. O estudo também alerta para o risco da expansão de plantas exóticas invasoras, que poderiam substituir as espécies nativas, piorando ainda mais a situação. A pesquisa reforça a necessidade urgente de ações para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e proteger os ecossistemas da Mata Atlântica.