A Fitch Ratings publicou um relatório alertando sobre a fragilidade fiscal do Brasil, destacando o risco de um círculo vicioso entre as políticas fiscal e monetária. O aperto monetário do Banco Central, com juros elevados para 12,25%, visa ancorar as expectativas econômicas diante de incertezas fiscais, mas pode agravar a situação fiscal, já que metade da dívida do país está vinculada à taxa Selic. A agência de classificação de risco projeta que a taxa de juros chegará a 14,75% em 2025 e só começará a diminuir em 2026, sinalizando um cenário desafiador para as finanças públicas.
O relatório também aponta que a estratégia fiscal do governo Lula, adotada no primeiro ano de mandato, teve um impacto negativo no déficit, com aumento nos gastos sociais e esforços limitados para aumentar a arrecadação. Algumas medidas fiscais, como o pacote de corte de gastos anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfrentaram resistência no Congresso, e os resultados esperados são incertos. A Fitch observa que a falta de uma âncora fiscal sólida pode impedir uma verdadeira consolidação fiscal, resultando em um ambiente econômico tenso e instável.
Apesar das iniciativas do governo para ajustar os gastos e aumentar a isenção do Imposto de Renda, as perspectivas de confiança no mercado continuam fragilizadas. A moeda brasileira, o real, sofreu desvalorização frente ao dólar, refletindo a desconfiança nas finanças públicas. A agência destaca que a situação só pode ser estabilizada com uma maior clareza nos planos fiscais e na implementação de medidas eficazes de consolidação, o que ainda depende da aprovação de reformas e ações fiscais robustas nos próximos anos.