Em 5 de dezembro de 2014, uma audiência pública na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) marcou um momento histórico com o pedido oficial de desculpas do Estado a filhos e netos de perseguidos políticos durante a ditadura militar. Este pedido, esperado por décadas, foi feito por meio da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, criada para investigar os abusos cometidos por forças do Estado no período pós-golpe de 1964. A ocasião também celebrou a fundação do Grupo de Filhos e Netos por Memória, Verdade e Justiça, uma organização que busca promover a reparação psicológica e social dos efeitos transgeracionais causados pela violência do regime militar.
O grupo tem se reunido para discutir as repercussões da ditadura nas famílias dos perseguidos, com muitos membros compartilhando histórias de sofrimento psicológico e os impactos gerados pela repressão estatal. Entre os relatos, destaca-se a experiência de membros que, após anos de silêncio, encontraram acolhimento e compreensão nas terapias coletivas, como as oferecidas pelas Clínicas do Testemunho, um projeto da Comissão Nacional da Verdade. Esses encontros ajudaram a desvendar traumas históricos, permitindo que os familiares das vítimas se unissem e passassem a se engajar ativamente em ações de memória e justiça, fortalecendo uma rede de apoio e mobilização.
Além da busca por reparações psicológicas, o grupo também atua em frentes jurídicas e políticas, pressionando por medidas que garantam o acesso a arquivos secretos e a punição de torturadores. Recentemente, o grupo tem cobrado do governo atual a reinstalação de comissões responsáveis pela investigação de crimes da ditadura, além de fomentar discussões sobre a violência policial no Brasil, que, segundo muitos membros, mantém laços diretos com os abusos do período militar. A continuidade dessa luta é vista como essencial para garantir que as lições da história não sejam esquecidas, buscando evitar a repetição dos erros do passado.