Os family offices, escritórios de investimentos que gerenciam fortunas de super-ricos, têm se tornado players cada vez mais influentes no mercado imobiliário brasileiro. Esses escritórios, especializados em investidores de alta renda, têm acesso a oportunidades exclusivas, tanto no setor residencial quanto no corporativo. A principal vantagem para esses investidores é o acesso a projetos desde a sua criação, podendo se tornar sócios do empreendimento, especialmente nas fases iniciais, quando o capital é aplicado como equity e não como dívida. A rentabilidade desses investimentos pode chegar a 25% ao ano, superando as taxas de retorno de opções mais tradicionais, como os títulos de renda fixa atrelados à Selic.
No setor residencial, os family offices demonstram interesse nas duas extremidades do mercado: empreendimentos voltados para a alta renda e projetos destinados ao público de baixa renda. Os projetos para a classe média, no entanto, têm atraído menos atenção, especialmente devido à recente pressão sobre a renda dessa faixa da população. Em média, esses investidores são responsáveis por captar até 20% do capital necessário para um novo empreendimento imobiliário, uma prática que, antes, estava mais restrita a redes de amigos e familiares dos empresários.
A atual conjuntura econômica do Brasil, marcada pela alta taxa de juros, aumento da inflação e o encarecimento da mão de obra, tem criado um cenário propício para esses investidores. O crédito mais caro e a dificuldade das incorporadoras em obter financiamento, especialmente com a queda de depósitos na poupança, que tradicionalmente ajudavam no financiamento imobiliário, contribuem para o crescimento da participação dos family offices. Nesse contexto, esses investidores se tornam peças-chave para viabilizar projetos que de outra forma poderiam encontrar dificuldades para se financiar.