As projeções sobre a taxa de juros no Brasil sofreram uma revisão significativa, com analistas do mercado agora apontando que a Selic, atualmente em 11,25% ao ano, deverá permanecer acima de 10% até, pelo menos, 2027, o que ultrapassa o mandato atual do presidente. Inicialmente, a expectativa era de que a taxa caísse para dois dígitos já em 2024. No entanto, a incerteza fiscal interna, aliada ao crescimento da economia e à pressão externa, especialmente devido à política monetária dos Estados Unidos, tem mantido o cenário de juros elevados no país. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para a próxima semana, poderá resultar em um novo aumento da Selic, para 11,75% ou até 12% ao ano.
O cenário inflacionário no Brasil continua desafiador, com o Banco Central tendo que ajustar suas políticas para lidar com o aumento das incertezas fiscais e o impacto da política monetária americana. A deterioração das contas públicas tem sido apontada como o principal fator por trás da revisão das previsões, uma vez que o governo não tem conseguido controlar de maneira eficaz seus gastos. Embora o governo tenha anunciado recentemente um pacote de medidas para tentar cortar despesas, como alterações nas aposentadorias e o abono salarial, a falta de um ajuste fiscal mais robusto continua a pesar sobre as expectativas de inflação e a taxa de juros.
Em meio a esse cenário, a expectativa de que os juros nos Estados Unidos poderiam cair mais rapidamente também não se concretizou, o que fortaleceu o dólar e pressionou ainda mais a inflação no Brasil, especialmente dos produtos com cotação internacional. Além disso, o mercado financeiro tem se mostrado cético quanto à capacidade do governo brasileiro de implementar reformas fiscais que garantam a sustentabilidade da dívida pública. A política fiscal, portanto, se tornou um elemento central nas projeções econômicas do país, com a sustentabilidade das contas públicas e a credibilidade do arcabouço fiscal sendo determinantes para a evolução da taxa de juros nos próximos anos.