Entre 1985 e 2023, a área dedicada à soja no Brasil cresceu significativamente, passando de 4,4 milhões de hectares para quase 40 milhões de hectares, o que corresponde a 14% da área de agropecuária do país. A maior parte dessa expansão ocorreu em áreas de pastagem e vegetação nativa. No período de 1985 a 2008, a soja ocupou 5,7 milhões de hectares de vegetação nativa e 5 milhões de hectares de pastagens. Já entre 2009 e 2023, 6,1 milhões de hectares de pastagens e 2,8 milhões de hectares de vegetação nativa foram convertidos para a produção de soja. Esses dados refletem a crescente demanda por esse grão, impulsionada tanto por fatores econômicos quanto pela ausência de políticas de conservação ambiental.
O aumento das áreas de pastagem no Brasil também é notável, alcançando 164 milhões de hectares em 2023, o que representa 60% da área total de agropecuária do país. Desde 1985, a área de pastagens cresceu 79%, com a maior parte dessa expansão ocorrendo nos biomas da Amazônia e Cerrado, que abrigam 67% das pastagens brasileiras. O crescimento das pastagens nesses biomas tem implicações ambientais, pois muitos desses territórios foram desmatados para dar lugar à pecuária, especialmente na Amazônia, que perdeu 14% de sua área para esse fim.
O impacto ambiental da expansão agrícola é evidenciado também pela substituição de ecossistemas naturais. No Pampa, por exemplo, mais de 20% de sua área foi ocupada por monoculturas de soja, o que resulta em sérias consequências para a biodiversidade local. A pesquisa destaca que o Cerrado e a Mata Atlântica também são biomas que sofreram grandes perdas devido à expansão das culturas agrícolas. A falta de ações eficazes de conservação, somada ao foco econômico na produção de commodities como a soja, acelera a degradação ambiental em várias regiões do Brasil.