A Arábia Saudita registrou um aumento significativo no número de execuções em 2024, com 330 pessoas sendo executadas até o momento, o maior total em décadas. Esse número contrasta com as promessas feitas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman em 2022, quando ele afirmou que a pena de morte seria limitada a casos de homicídios, como parte de um projeto de modernização do país. Embora o governo saudita esteja investindo pesadamente para transformar sua imagem e atrair turistas, o uso da pena capital continua em crescimento, com muitos casos envolvendo acusações de crimes não letais, como tráfico de drogas e terrorismo não violento.
As execuções mais recentes, muitas das quais envolvem estrangeiros de diversas partes do mundo, são vistas por grupos de direitos humanos como uma violação de normas internacionais. A Arábia Saudita tem sido criticada por práticas que incluem a aplicação da pena de morte a menores e o uso de tortura para extrair confissões. A maioria das execuções está relacionada a crimes como o tráfico de captagon, uma droga sintética, e atividades políticas, frequentemente associadas a protestos contra o governo. A Reprieve, organização que monitora as execuções, apontou que o país se afastou das reformas prometidas, com um número recorde de mortes registradas em 2024.
A repressão tem gerado críticas internacionais, com organizações de direitos humanos destacando a falta de transparência no sistema judiciário saudita. Familiares de prisioneiros no corredor da morte relatam dificuldades para obter uma defesa justa, além de acusações de que não são apresentadas evidências claras contra os réus. Apesar disso, o governo saudita nega as acusações de abusos, alegando que suas ações são necessárias para garantir a segurança nacional. O aumento nas execuções também contrasta com a tentativa do país de suavizar sua imagem no cenário internacional e se tornar um polo de turismo e entretenimento, conforme o plano Vision 2030.