O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega expressou preocupações em relação às políticas fiscais do governo atual, destacando a necessidade de uma reforma no imposto de renda e criticando a proposta de isenção para salários de até R$ 5 mil. Durante entrevista à imprensa, Maílson afirmou que a isenção pode resultar em distorções fiscais e não resolver os problemas estruturais da economia, como a crescente dívida pública. Ele argumentou que o mercado está desconfiado do governo devido à contradição entre as promessas de responsabilidade fiscal e as ações que aumentam os gastos públicos.
Além da crítica à isenção, o ex-ministro sugeriu quatro medidas para melhorar a percepção do mercado e promover uma gestão fiscal mais eficiente. Entre as propostas estão a reformulação da vinculação entre o salário mínimo e a aposentadoria, a desvinculação de recursos para saúde e educação dos impostos nos três níveis de governo, e a revisão da isenção do imposto de renda. Apesar de reconhecer a importância dessas mudanças, Maílson demonstrou ceticismo quanto à adoção dessas sugestões pelo governo.
Maílson também comentou sobre as previsões do déficit primário, que foi revisado de 0,8% para 0,5% do PIB. Embora considere positiva a redução, ele enfatizou que o ajuste se deve principalmente ao aumento da receita e não a cortes de gastos. O ex-ministro alertou que, caso a desconfiança do mercado persista, o Brasil poderá enfrentar um cenário de dólar elevado, juros altos e inflação alta nos próximos anos, o que prejudicaria ainda mais a economia nacional.