Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central, afirmou que o Brasil não está no caminho para estabilizar sua dívida pública e que, ao que parece, não há perspectivas de mudança nesse cenário. Durante uma entrevista ao WW, Volpon destacou a tensão entre o governo e o mercado financeiro, enfatizando que a política fiscal não pode ser dissociada da política econômica como um todo. Para ele, a verdadeira pressão sobre o país não vem de questões políticas, mas da necessidade de garantir a estabilidade fiscal e da dívida.
Volpon explicou que estabilizar a dívida pública significa impedir seu crescimento, o que seria o primeiro passo para uma eventual redução. Segundo ele, a dívida do Brasil chegou a R$ 9 trilhões, representando 78,6% do PIB, e não há garantias de que o país esteja avançando para alcançar essa estabilização. Para que isso aconteça, seria necessário um superávit primário de cerca de 4%, o que compensaria a diferença entre o crescimento do PIB e os juros reais, que variam entre 7% e 9,5%.
O governo, por sua vez, estima que conseguirá fechar o ano dentro dos limites da meta fiscal, com um déficit próximo de 0,25% do PIB. Contudo, a avaliação de Volpon é de que, sem medidas efetivas para controlar o crescimento da dívida, o Brasil continuará a enfrentar desafios fiscais significativos. O economista alerta que, sem uma mudança de rumo, a trajetória fiscal do país permanecerá insustentável, o que pode agravar ainda mais a situação econômica no futuro.