Um estudo recente, divulgado pelo Instituto de Água e Saneamento e pelo Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais, destaca a falta de acesso à água potável e infraestrutura de saneamento em escolas públicas do Brasil. Cerca de 1,4 milhão de estudantes, principalmente negros, estão matriculados em escolas sem fornecimento de água tratada. A pesquisa aponta que, em escolas predominantemente negras, a chance de um aluno não ter acesso à água potável é sete vezes maior do que nas escolas com maior presença de estudantes brancos. Além disso, mais de 5 milhões de alunos enfrentam a falta de abastecimento de água pela rede pública, com a maior concentração em escolas negras.
Além da escassez de água, a pesquisa também revela uma grave falta de infraestrutura básica, como banheiros e coleta de lixo. Mais da metade dos alunos em escolas predominantemente negras não têm acesso a pelo menos um desses serviços essenciais, enquanto em escolas predominantemente brancas essa porcentagem é muito menor. A pesquisa mostra que esses problemas têm um impacto direto na saúde dos estudantes e podem prejudicar seu aprendizado, configurando mais uma camada de desigualdade racial no sistema educacional brasileiro.
O estudo ainda chama atenção para a situação dos estudantes indígenas, que enfrentam ainda maiores dificuldades no acesso a saneamento básico. Embora o foco tenha sido a comparação entre escolas de maioria negra e branca, os dados mostram que a falta de infraestrutura é uma realidade comum em escolas que atendem a comunidades indígenas. O estudo sugere que políticas públicas precisam ser mais sensíveis às desigualdades regionais e raciais, para garantir que as medidas de universalização cheguem primeiro a quem mais precisa, sem perpetuar as disparidades existentes.