O Brasil participou pela primeira vez do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss), cujos resultados revelaram uma defasagem alarmante nos conhecimentos básicos dos alunos brasileiros, especialmente em matemática. No 4º ano do ensino fundamental, 51% das crianças não dominam habilidades fundamentais, como a tabuada e operações simples, e estão muito abaixo do nível mínimo exigido para a faixa etária. Já no 8º ano, mais de 60% dos estudantes não conseguem realizar cálculos simples ou interpretar gráficos básicos. O desempenho do Brasil, com uma média de 400 pontos em matemática, coloca o país entre os piores classificados, à frente apenas de Marrocos, Kuwait e África do Sul, com um atraso de cerca de três anos escolares em relação à média global.
Em ciências, o cenário também é preocupante, embora com resultados ligeiramente melhores que os de matemática. No 4º ano, 39% dos alunos não dominam conhecimentos básicos sobre o mundo natural, e no 8º ano, 42% não conseguem entender conceitos elementares sobre biologia e química. A média brasileira foi de 425 pontos no 4º ano e 420 pontos no 8º, ficando entre os níveis baixo e intermediário na escala do Timss. Esse desempenho evidencia a necessidade urgente de reformulação na abordagem pedagógica e nos investimentos em educação no país.
Especialistas apontam várias causas para o baixo desempenho dos estudantes, como a falta de familiaridade com a matemática no cotidiano, a escassez de professores qualificados, e a desigualdade econômica e social, que afeta diretamente a qualidade do aprendizado. Além disso, a baixa atratividade da carreira docente, especialmente em áreas como matemática, agrava ainda mais a situação. Esses fatores criam um ciclo vicioso, no qual a educação básica não consegue formar uma base sólida para os alunos, resultando em um déficit de habilidades fundamentais que compromete seu futuro acadêmico e profissional.