Um estudo recente publicado na revista *Neuroinflammation* revela que até mesmo uma breve exposição ao herbicida glifosato pode causar danos neurológicos duradouros em ratos de laboratório. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade Estadual do Arizona e do Translational Genomics Research Institute, aponta que os camundongos expostos ao agrotóxico desenvolveram inflamação cerebral significativa, associada a doenças neurodegenerativas, como sintomas semelhantes à doença de Alzheimer, além de comportamentos relacionados à ansiedade e morte prematura.
Os experimentos, que duraram 13 semanas e contaram com um período de recuperação de seis meses, testaram dois níveis de exposição ao glifosato: um mais alto, comum em estudos anteriores, e um mais baixo, considerado seguro para humanos. Mesmo a dose mais baixa provocou efeitos negativos duradouros no cérebro dos ratos, incluindo um aumento persistente nos marcadores inflamatórios. A pesquisa também identificou que um subproduto do glifosato, o ácido aminometilfosfônico, se acumula no tecido cerebral, levantando preocupações sobre a segurança do herbicida para seres humanos.
Apesar de a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) considerar a exposição a níveis específicos de glifosato segura, e a Comissão Europeia ter renovado sua aprovação para o uso do herbicida até 2033, cientistas alertam para os riscos potenciais à saúde cerebral, especialmente em comunidades rurais. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da Organização Mundial da Saúde classifica o glifosato como possivelmente cancerígeno, e a necessidade de mais estudos sobre seus efeitos a longo prazo se torna urgente para a revisão da regulamentação e a proteção da saúde pública.