Nos últimos anos, a Argentina deixou de ser um destino atrativo para brasileiros que buscavam uma educação superior, especialmente nas áreas de medicina e outras áreas acadêmicas. A crise econômica, agravada pelas políticas do governo de Javier Milei, levou a uma escalada no custo de vida, incluindo aumentos significativos nas mensalidades universitárias e nos aluguéis, que passaram a ser cobrados em dólares. Esses reajustes constantes e imprevisíveis afetaram diretamente os estudantes brasileiros, que, antes, podiam arcar com os custos mais baixos em comparação com cursos privados no Brasil. Ao longo de 2023, muitos estudantes brasileiros, como Danilo, decidiram retornar ao Brasil ou migrar para outros países, como o Paraguai, em busca de melhores condições financeiras e maior estabilidade.
A decisão de voltar ao Brasil tem sido uma alternativa viável para alguns estudantes, que, embora enfrentem desafios para revalidar seus cursos ou transferir seus créditos, acreditam que a qualidade de vida e as opções de ensino em solo nacional oferecem uma boa perspectiva. Alguns, como Bruno, buscaram universidades privadas no Brasil para concluir seus estudos, enquanto outros, como Marcela, enfrentaram questões de xenofobia e desgaste psicológico, o que acelerou sua decisão de retornar. A busca por documentos acadêmicos e o processo de transferência de instituições argentinas para brasileiras, no entanto, não são simples, podendo levar meses ou até mais de um ano, o que representa um obstáculo significativo para os estudantes que optam por essa solução.
Apesar das dificuldades, ainda há estudantes que permanecem na Argentina, como Ana Clara, que continua seu curso de medicina em Buenos Aires, embora enfrente aumentos no custo de vida. Ela ressalta que, para quem busca uma experiência internacional e tem recursos financeiros, a Argentina ainda pode ser uma boa opção. Contudo, para aqueles que não têm condições financeiras robustas, a situação atual já não compensa os benefícios educacionais, e muitos acreditam que a experiência de estudar no exterior não justifica mais o esforço financeiro necessário.