Estudantes da Bahia desenvolveram uma pesquisa inovadora com o objetivo de transformar resíduos orgânicos de pescados em ração animal, uma proposta que visa gerar renda extra para trabalhadores do Porto das Sardinhas, na periferia de Salvador. O projeto começou após uma visita técnica ao local, onde os alunos Pablo Santos, Júlia Ferreira e Yasmin Arruda perceberam as condições precárias de trabalho das mulheres negras e mães solo que atuam no porto. A ideia foi criar uma solução sustentável e socioeconomicamente viável, utilizando os resíduos descartados dos pescados para produzir uma farinha proteica que pode ser utilizada tanto na alimentação de animais de estimação quanto na piscicultura.
O projeto contou com o apoio da Escola Sesi, do Senai Cimatec e da Cooperativa de Pescadores Baía de Todos-os-Santos (Coopesbas), que facilitaram a realização de testes e a distribuição dos resíduos para as indústrias de ração. A ração foi desenvolvida por meio de um processo que inclui pesagem, dessecagem, peneiração e análise bioquímica, resultando em um protótipo com potencial para transformar a cadeia produtiva local. A pesquisa foi submetida à Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), um evento nacional que estimula o pensamento científico em jovens estudantes.
Apesar dos desafios logísticos relacionados ao transporte e armazenamento dos resíduos, o projeto tem grande potencial para beneficiar as trabalhadoras do porto, oferecendo uma forma de gerar renda com o reaproveitamento dos materiais descartados. A cooperação entre as partes envolvidas permite criar um modelo de pagamento flexível para as trabalhadoras, que podem vender os resíduos à cooperativa para posterior comercialização. O projeto, além de ser uma solução criativa para problemas ambientais e sociais, também contribui para o desenvolvimento do senso crítico e a formação de jovens cientistas engajados com questões cotidianas e de relevância social.